Homens e Cargas

Pensar que ao coração tu me sentias,
Quão os meus leves lábios osculavas
E os meus mimosos seios desejavas,
Tornou-me a ilusão de infaustos dias...

Sempre a dar-te o que não merecias,
Ignorando o odor de outras escravas,
Calando em mim a dor de mil aljavas!
Eu fui Mulher das negras profecias...

E se inda esta moléstia me tortura
Com lágrimas incrédulas e amargas,
É que não há em mim a tal bravura

De homens como tu de fuças largas,
Que andam a devastar tant'Alma pura
E inda assim tratá-las como cargas!...

(Laura Alves Coimbra)

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