O Vadio e a Lua

Ei-la surgida em tal noite matreira,
Já estampada ao Céu em alto ponto,
Singrando as horas, a Lua fagueira,
Consola as dores dum vadio tonto.

Que vomitando sonhos na algibeira,
Ébrio soluça em cada canto um conto;
Cantando a vida sem eira nem beira,
Peitando a razão em reles confronto.

Enlaça as suas tripas vis, malsãs
Na bela face dessa ingrata Amante,
Pra que lhe não fuja nas vitais manhãs

Em que o silêncio rasga-lhe o semblante,
Mas louco não vê que as paixões são vãs
E qualquer amor dura um breve instante...

(Queiroz Filho)

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