Talvez seja uma herança de Vovó,
Sentir-se desse quarto, a prisioneira...
A vida é companhia e eu estou só!
Sozinha entre o silêncio e a poeira...

O amor tornou-se a reles baboseira,
Que hoje em desprezar, não tenho dó!
A mágoa é sempre bem mais verdadeira
Que uma paixão fadada a ser só pó...

E a única amiga que hoje eu tenho
É uma enfadonha traça que caminha
Na página que, em mãos, ora detenho.

Marchando entre letras de Caminha,
És lenta como a dor do grosso lenho
Da vida que ganhei, mas não é minha...

(Laura Alves Coimbra)

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