Queria muito vê-la, mas não posso!

Queria muito vê-la, mas não posso!
Há algo nessa casa que me prende,
Talvez algum alerta que transcende
A solidão que em versos cá endosso...

Uma ida té o portão, enfim, esboço.
Meus olhos vãos, a luz do Sol, ofende,
Recolho, então, de homem, meu destroço...
Só essa espessa treva me entende!...

Amar a Luz da aurora é fugir dela!
Pedir-lhe mil desculpas sucessivas,
Por lhe ofertar tão parca bagatela.

O inútil respirar das coisas vivas,
Meu ânimo de chumbo esfacela.
Na ponta duma agulha dançam ogivas!...

(Queiroz Filho)

Comentários

  1. Enfurnado vi um viciado que, muito consciente do seu destino, continua declinado em seu estado clínico/crítico. Poesia é vida, é morte e é dor também. Mas é sempre interessante ver vida nos escombros que uns fazem dela própria. Bom soneto, amigo.

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