Desperdício

Toda a palavra em si é desperdício,
Por isso que te escrevo sem pensar...
Mas toda a forma em si é já um indício
Que um gosto lá está a se realizar...

E um gosto dissimula-se de vício,
Então, como eu te falo sem falar?...
Renego-me mulher e sou o solstício
Silenciosamente a te afagar!

Ou simplesmente o morto idioma
Que nenhum homem d'hoje conhecera!
Sou a abstrata dor, sou teu sintoma

De alguma casual febre ligeira,
Enquanto, no meu peito, és o hematoma
Dos socos que meu canto, emudecera!...


( Laura Alves Coimbra)

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