Estéril

A vida me privou da maior dádiva
Cedida pelo Pai formoso e etéreo,
Pois trago um ventre oco, um ventre estéril;
Um ventre de inutilidade impávida!
Sou fêmea, mas sou só pela metade...
Invejo abertamente outras mulheres,
São elas que me deixam por piedade
Beijar os seus bebês; meus malmequeres...
Prostituir-me – Indago - É uma saída?
Sujar-me e declará-la uma profissão
Para vingar-me, enfim, da minha vida?
Ou enlouquecer da dor da solidão?...
Preenchei Senhor em mim este vazio!
Antes que eu seja peixe morto ao rio!...

(Laura Alves Coimbra)

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