Da Covardia Omitida

Eu sou da vida o estúpido aprendiz,
Que dela não reteu nenhum sentido,
E disso eu me confesso um desvalido
Por nunca ter amado quem me quis...

E, assim, vou lastimando a cicatriz,
E o vergonhoso sono dos vencidos,
E os velhos erros sempre revividos,
Na corda bamba aonde por um triz

Cambaleante eu marcho desatento,
Levando o coração por hora escasso
De alguma sensação ou sentimento.

Ao menos se hoje o sonho é cansaço
A mágoa não é mais um vão lamento,
Pois dela, ao debochar, me satisfaço...


(Queiroz Filho)

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