Historieta Tragicômica De João-Desventuroso
I
Lá à rua da amargura, escorraçado,
Bebendo da sarjeta, os excrementos,
Que um porco bem teria desprezado,
Outrora eu já o vi nesses tormentos.
Naquele vasto centro urbanizado,
Dormindo sob altos monumentos,
João-desventuroso, assim, chamado
Por quem ali ouvia seus lamentos.
Mendigo sem estudo, sonho, ou fé,
Escória pestilenta e desprezível,
Que sofre a rejeição do que não é...
Vivendo no limite do impossível,
Deitou-se ao chão da tal Praça da Sé,
E como um mero espectro invisível
II
Sonhara que era ele o Rei Pelé,
Ouvindo a torcida enlouquecida
Lá no Maracanã pleno de vida,
A cada drible seu gritando olé!
Na Copa de setenta dando até
Chapéu de carretilha e, em seguida
Marcando um golaço na partida,
Que o fez ser aplaudido bem de pé.
E tendo a esquadra zurra na final,
Repleto de otimismo, então, se vê
Perto do seu terceiro Mundial.
Podendo erguer a vã Julius Rimet,
Se não fosse um magriço cão boçal,
Lhe acordar se sabe lá p’ra quê!...
Lá à rua da amargura, escorraçado,
Bebendo da sarjeta, os excrementos,
Que um porco bem teria desprezado,
Outrora eu já o vi nesses tormentos.
Naquele vasto centro urbanizado,
Dormindo sob altos monumentos,
João-desventuroso, assim, chamado
Por quem ali ouvia seus lamentos.
Mendigo sem estudo, sonho, ou fé,
Escória pestilenta e desprezível,
Que sofre a rejeição do que não é...
Vivendo no limite do impossível,
Deitou-se ao chão da tal Praça da Sé,
E como um mero espectro invisível
II
Sonhara que era ele o Rei Pelé,
Ouvindo a torcida enlouquecida
Lá no Maracanã pleno de vida,
A cada drible seu gritando olé!
Na Copa de setenta dando até
Chapéu de carretilha e, em seguida
Marcando um golaço na partida,
Que o fez ser aplaudido bem de pé.
E tendo a esquadra zurra na final,
Repleto de otimismo, então, se vê
Perto do seu terceiro Mundial.
Podendo erguer a vã Julius Rimet,
Se não fosse um magriço cão boçal,
Lhe acordar se sabe lá p’ra quê!...
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